“Mortais,
lembrai-vos que fomos o que sois e sereis o que somos”. Esta frase conduz à reflexão sobre a inexorabilidade da morte e faz adentrar pelos
caminhos que conduzem aos sepulcros dos que repousam eternamente no cemitério
mais antigo de Cachoeira do Sul.
Cemitério das Irmandades - Foto Ucha Mór |
Era
prática desde o Brasil Colônia o sepultamento dos fiéis dentro dos templos e em
seu entorno. Em Cachoeira não era diferente. Desde a construção da capela na
Aldeia que este era o procedimento. Com a inauguração da Igreja Matriz no local
onde até hoje está, o vigário não perdeu o hábito. Os mortos eram enterrados
nos fundos, na frente e dentro da igreja.
Igreja Matriz - Foto Museu Municipal |
A
necessidade de um cemitério para a Vila era entendimento de muitos, dentre
eles, alguns membros das Irmandades da Igreja Matriz, especialmente a de Nossa
Senhora da Conceição e do Santíssimo Sacramento. Um dos membros, de nome
Bernardo Moreira Lírio, doou terreno nas proximidades da Aldeia para tal fim.
Mas eram muitos os entraves e azedos alguns humores...
Até
que em 1827 o cirurgião-mor Gaspar Francisco Gonçalves, impressionado pelo
estado lastimável da Igreja Matriz em razão dos sepultamentos em seu recinto,
chamou a atenção dos vereadores sobre os riscos que tal prática podia causar à
saúde pública. Além do ar nauseabundo, as matérias emanadas das paredes
ofereciam riscos.
O
alerta foi feito, mas as ações ainda demorariam cinco anos. Somente em 1832 é
que cessaram os enterros dentro da igreja.
No dia
16 de janeiro de 1833, uma ata de sessão de vereança, assinada pelos vereadores
Manoel Álvares dos Santos Pessoa e José Pereira da Silva, registrou o
recebimento do ofício nº 37, encaminhado pelo vigário da Freguesia, Padre
Ignácio Francisco Xavier dos Santos, acusando ter recebido a chave do Cemitério
da Aldeia, depois denominado Cemitério das Irmandades Conjuntas, como o é até
nossos dias.
Pórtico do Cemitério das Irmandades - COMPAHC |
O
Cemitério das Irmandades mudou muito de 1833 para cá e praticamente não guarda
mais nenhum vestígio daqueles primeiros tempos, o que é de se lastimar. Mas ainda conserva em seu recinto uma riqueza imensa em arte tumular, eivada do simbolismo que nos
remete à ideia de que a morte é só um caminho. Mas quem quer trilhá-lo?
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