O Château d’Eau é o nosso maior símbolo cultural e chega ao centenário consagrado material e simbolicamente. Sua história, cantada e decantada, demonstra a capacidade que nossos antepassados tiveram de olhar para o futuro, assentando nos subterrâneos da terra os condutos que não só levaram água e esgoto para os lares cachoeirenses, mas incluíram o município no seleto grupo daqueles lugares que conseguiram emergir de um passado de estagnação e atraso. E, mais do que isto, conseguiram dotar a cidade de monumentos que entregaram não só funcionalidade, mas valores estéticos que garantiram a admiração imediata tanto naquele distante ano de 1925 como em todo o tempo que veio depois, chegando hoje aos 100 anos mantendo o seu fascínio.
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Construção do Château d'Eau - A. Saidenberg |
Os anseios de fazer Cachoeira se desenvolver tiveram início um bom tempo antes da inauguração da Segunda Hidráulica, da qual faz parte o Château d’Eau e o reservatório enterrado da Praça Borges de Medeiros, inaugurados conjuntamente porque trabalhavam em sintonia. Em 1911, Isidoro Neves da Fontoura deu os primeiros passos para dotar Cachoeira de uma hidráulica. Por coincidência, Isidoro era o pai daquele que inauguraria o complexo hoje centenário, o Dr. João Neves da Fontoura. Mas a iniciativa do Coronel Isidoro não logrou êxito. Em 1921, outro intendente, Aníbal Lopes Loureiro, deixou como legado de sua administração a Primeira Hidráulica, inaugurada em 20 de setembro de 1921, cuja caixa d’água segue a abastecer e adornar as adjacências do Hospital de Caridade.
A Primeira
Hidráulica não satisfazia totalmente a necessidade de levar água aos lares
cachoeirenses. Sua abrangência não ultrapassava o limite norte da Praça José
Bonifácio, de modo que a zona alta da cidade continuava mergulhada no afã de
obter água da velha forma, ou seja, através dos pipeiros ou da coleta em outros
mananciais. Com a construção da Segunda Hidráulica, a água atingiu a dita
“cidade nova” que se erguia acima da Estação da Viação Férrea.
Francisco
Fontoura Nogueira da Gama foi o intendente que assinou os empréstimos
necessários para tão importante obra, mas a sua saúde debilitada determinou que
se afastasse da administração municipal, cabendo ao jovem João Neves da
Fontoura, vice-intendente, a sua execução e inauguração.
Todos estes
nomes da vida político-administrativa de Cachoeira são amplamente conhecidos e
difundidos, assim como os dos profissionais responsáveis pelo planejamento e
execução das obras da Segunda Hidráulica. Saturnino de Brito, Walter Jobim de
Siqueira, Antônio de Siqueira, Giuseppe Gaudenzi, João Vicente Friedrichs,
firma Silveira, Soares & Cia. são nomes que consolidaram esta história. Mas
quem foram os que, anonimamente, ergueram os monumentos que hoje enaltecemos e
que há mais de 100 anos os fincaram na terra? Pois são estes homens,
trabalhadores nas mais diferentes funções, algumas delas perdidas no passar do
tempo, que merecem também o nosso aplauso e reconhecimento.
Graças ao acervo documental preservado no valoroso Arquivo Histórico do Município é que foi possível levantar 310 nomes de trabalhadores que tiraram das pranchetas dos seus idealizadores o Château d’Eau que hoje admiramos e aplaudimos. Certamente alguns de nós carregam nas veias o seu sangue e boa parte do suor que derramaram no afã de executarem suas tarefas foi derramado no solo que depois foi ajardinado e embelezado para nossa admiração e deleite.
São eles:
Abilio Sousa
Adalberto Costa
Adão Cruz
Adão Oliveira
Agenor Alves
Alberto Almeida
Alberto Dalma
Alberto Pedrozo
Alberto Trento
Alcides Silva
Alexandre Machado
Alvaro Lewis
Amadeo Martins
Amaro Dornelles
Ambrozino Porto
Ananias Rodrigues
Anapio Carvalho
Anaurelino Vieira
André Ferraro
Angelo Bonfoco
Angelo Ferrari
Angelo Peloso
Antenor Siqueira
Anthero M. da Silva
Antonio Francisco
Antonio Loureiro
Antonio Moreira
Antonio Morejano
Apparicio Machado
Aracy Figueiró
Aristides Alves
Armando Asplanato
Arthur Lara
Astrogildo Garcia
Ataliba Rodrigues
Augusto Alves
Augusto Ferreira
Avelino da Silva
Balbino Domingues
Balthasar Bicca
Baptista Carvalho
Basileu Santos
Basilio Farias
Belarmino Castro
Belmonte Lara
Benedicto Paulo
Bernardino Nascimento
Braz Avila
Candido Carvalho
Carlos Pacheco
Clarindo Saraiva
Claro Mendes
Claudino Rodrigues
Clemente Sezino
David Pedrozo
Demetrio Soares
Deoclecio Ferraz
Domingos Delzovo
Doralino Ferreira
Dorico Corrêa
Eduardo Ferraro
Eduardo Soares
Egydio Peluso
Ernesto Thomaz
Erothildes Lopes
Estacio dos Santos
Estevão Rosa
Euzebio Lemos
Ezequiel Silva
Faustino Franco
Favorino Fernandes
Florencio Leguiça
Floriano Saldanha
Florisbaldo Alves
Francisco Assis
Francisco Claudiano
Francisco Lewis
Francisco Lopes
Francisco Moraes
Franklin R. Maia
Gabriel Fonseca
Gaspar Cardozo
Geraldino Nunes
Geronymo Ilha
Giuseppe Rissieri
Godofredo Athayde
Gomercindo Alves
Gregorio Braga
Guilherme Athayde
Henrique Loureiro
Herculano Lucas
Hilario Aguir [sic]
Hilario Costa
Honorio Ayres
Horacio Barreto
Izidoro Garcia
Jacy Lewis
Januario Santos
João A. Lopes
João A. Rodrigues
João Antonio
João B. Grecca
João Belmonte
João C. Barcellos
João C. Ilha
João Candido
João Cardozo
João Cosubk
João da Silva
João Damazio
João Dutter
João F. Pedrozo
João Felix
João Ferraro
João Francisco
João Garcia
João Gonçalves
João Lemos
João M. Alves
João Medeiros
João Pantaleão
João Papajorge
João Rodrigues
João Rosalino
João Smuthini
Joaquim Cunha
José A. Cardozo
José Corrêa
José Lopes
José Miranda
José Modesto
José Pereira
José Rasck
José Ribeiro
José Simões
Julião Lopes
Julio Domingues
Julio Guedes
Julio Matheus
Julio Rosa
Julio Ruport
Justino Silva
Ladislau Peixoto
Laurindo Silva
Levindo Rosa
Libanio Santos
Lucas Pinhac
Luiz Caetano
Luiz Copede
Luiz da Silva
Manoel Alves
Manoel Candido
Manoel Cassiano
Manoel Pacheco
Manoel Rodrigues
Manoel Vidal
Marciano Pereira
Marcondes Silveira
Marcos Bezerra
Marcos G. d'Oliveira
Mario Costa
Martins Pio
Martins Proense
Miguel Petronilio
Napoleão Alves
Narcizo Santos
Nathalino Fernandes
Nelson Vieira
Octacilio Loureiro
Octacilio Machado
Ottonor Cunha
Pacifico Pereira
Pantaleão R. Santos
Paulo Machado
Paulo Moreira
Pedro Dornelles
Pedro Pedrozo
Pedro Pereira
Pedro Risso
Pedro Simões
Porfirio Peixoto
Possidonio Gonçalves
Propicio Carvalho
Ramão Dutter
Ramiro Chaves
Ramiro Lemos
Reduzindo Colmedeiro
Regino Moura
Reinaldo Paulo
Roberto Rosa
Roldão Costa
Rosalino Machado
Salustiano Martins
Sergio Motta
Sergio Pereira
Setembrino Carvalho
Silvino Claudiano
Simplicio Carvalho
Suely Brum
Theobaldo Rodrigues
Theodoro Vieira
Vergilino Macedo
Vergilio Rosa
Vicente Ferreira
Vicente Granado
Victalino Lemos
Waldomiro Silva
Zeferino Aguir
As suas funções na obra eram de aparelhadores, pedreiros que dirigem o trabalho de corte e colação de pedras; apontadores, que fazem levantamentos e registros diários nos canteiros de obras; boches, que transportam por carretas; cavouqueiros, que abrem buracos ou cavoucos; manilheiros, que assentam as manilhas, além de serventes, rondas, contínuos, calceteiros e capatazes.
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