Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

domingo, 22 de março de 2015

Escola Antônio Vicente da Fontoura - 22/3/1915 - 22/3/2015 - cem anos a serviço da educação

A comunidade escolar de Cachoeira do Sul comemora em 22 de março de 2015 o centenário da Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Vicente da Fontoura, a nossa mais antiga escola pública.

E. E. E. M. Antônio Vicente da Fontoura - arquivo Jornal do Povo
A história deste tradicional educandário começou a se desenhar em 1912. Em setembro daquele ano, um articulista do jornal O Commercio, que assinava com o nome Aristarcho Demophilo Martyr, escreveu sobre a ideia da instalação de um colégio elementar em Cachoeira, e estimava para isto um prazo de três a quatro anos.

No ano seguinte, o Coronel Horácio Gonçalves Borges, chefe local do Partido Republicano Rio-Grandense, solicitou ao Presidente do Estado, Dr. Borges de Medeiros, a criação de um colégio elementar, justificando que um município do porte de Cachoeira, vasto e populoso, necessitava de um estabelecimento de ensino que honrasse o seu adiantamento e população, conforme noticiou o jornal Rio Grande de 23 de fevereiro de 1913. Cinco meses depois, no dia 18 de agosto, o coletor federal Major José Pinós Filho, em nome do Governo do Estado, recebeu da Intendência o prédio do Teatro Municipal, cedido para nele funcionarem o Fórum e o futuro Colégio Elementar. Estava dado o primeiro passo para o estabelecimento do projetado educandário.

Prédio do Teatro Municipal - fototeca Museu Municipal

Em 22 de março de 1915, reuniram-se as professoras indicadas para comporem o corpo docente do Colégio Elementar. Convocadas pelo inspetor Anthero de Almeida, foram empossadas Emilia Praia de Sá, Francisca L. Lopes, Anna V. da Silveira, Cândida Fortes Brandão, Mariana Porto da Fontoura e Margarida P. da Fonseca. Na ocasião da posse, as professoras foram orientadas pelo inspetor e presidente do Conselho Escolar, Leonel Friedrich, recebendo as indicações e explanações preliminares necessárias para o pleno funcionamento do Colégio Elementar. A matrícula de alunos teve início no dia 23 de março de 1915. A edição de O Commercio do dia posterior, 24 de março, com relação às matrículas, dizia o seguinte:
(...) o que não tem sido fácil, devido à distância das salas onde permanecerão ainda por algum tempo.

O comentário do jornal se devia ao fato de que o prédio do Teatro Municipal ainda precisava passar pelas obras de adaptação, o que a notícia de O Commercio, mesma edição citada anteriormente, confirma:
Dentro em pouco estará pronto o edifício oferecido pelo município e que está sendo pelo governo do Estado adaptado para alojamento do grupo e, então, já vencidas as maiores barreiras, começarão a patentear-se os magníficos resultados do que hoje talvez pareça a alguns um mero capricho de governantes com pruridos de inovações dispensáveis.

A professora Cândida Fortes Brandão, escolhida diretora, oficiou ainda em março de 1915 ao Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Exterior solicitando que o novo grupo escolar recebesse o nome de Escola Elementar Antônio Vicente da Fontoura, homenageando o líder farroupilha que apesar de não ter sido educador, educava pelo exemplo. Em 31 de agosto daquele mesmo ano recebeu a resposta autorizando a denominação. 

Edifício do antigo Teatro Municipal adaptado para o Fórum e Colégio Elementar
- fototeca Museu Municipal

Parabéns, comunidade escolar da hoje Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Vicente da Fontoura pelo centenário de existência!

Este centenário permite uma reflexão: o efêmero Teatro Municipal, construído pela vontade comunitária e pela coragem do intendente David Soares de Barcellos, não se firmou como a casa de espetáculos esperada pela população cachoeirense que fez a travessia do século XIX para o XX. Tampouco foi preservado em sua estrutura original. No entanto, o aproveitamento inicial de seu prédio para abrigar uma instituição educacional de certa forma preservou a prerrogativa comum entre arte e educação, que é a de serem ambas veículos imprescindíveis para a elevação do espírito. 


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