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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sábado, 7 de março de 2015

Marcelo Gama - tributo no centenário de sua morte

Marcelo Gama, ou Possidônio Cezimbra Machado, nome de batismo do poeta que alguns dão como natural de Mostardas, outros, como de Cachoeira, morreu há exatos 100 anos.

Crédito da imagem: O abominável Prado

Na madrugada do dia 7 de março de 1915, quando retornava de bonde da sua jornada como redator e revisor do jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, adormeceu. Estava a caminho da sua residência, localizada no Méier, onde a esposa Júlia e filhos o aguardavam. Numa das guinadas do bonde, desequilibrado pelo sono, Marcelo Gama caiu do banco, despencando prematuramente para a morte no viaduto do Engenho Novo. Tinha 37 anos.

Mas quem foi este poeta, hoje tão pouco conhecido, apesar de constar dos anais de literatura como um importante representante da poesia simbolista?

Sua primeira obra,Via Sacra, lançada em 1902, é considerada a introdutora do simbolismo no Rio Grande do Sul. Com uma produção poética mais intimista e que fugia da temática dominante entre os poetas gaúchos, voltada para o regionalismo, Marcelo Gama obteve aprovação de alguns críticos por ser dono de um interessante traço coloquial e irônico.

Crédito da imagem: O abominável Prado

Apesar da vida curta, foi profícua a sua produção e envolvimento com as letras. Publicou três livros: Via Sacra, Avatar e Noite de insônia. Deixou um quarto inacabado: Violoncelo do Diabo. Atuou em jornais, como Correio do Povo e Jornal da Manhã, em Porto Alegre, lançou o jornal A Lua (1900), em Cachoeira, onde assinava com o apropriado pseudônimo de Selenita, além de revistas e outras publicações, como Artes e Letras (1898), também em Porto Alegre.

O álcool foi sua perdição e motivo de luta. E a condição de alcoolista e boêmio lançou um olhar até certo ponto preconceituoso sobre sua produção literária.

Marcelo Gama foi embora de Cachoeira, onde viviam seus pais, depois de ter perdido o emprego de caixeiro quando a loja onde trabalhava incendiou. Em Porto Alegre, para onde partiu em busca de emprego e meios para expandir seu talento literário, passou a trabalhar no laboratório farmacêutico de João Daudt de Oliveira. Nessa que é considerada uma das primeiras indústrias farmacêuticas do Brasil, Marcelo Gama foi redator de anúncios publicitários, tarefa que desempenhava com maestria para a época.

Apesar do talento, o poeta vivia atormentado pelas dívidas da vida boêmia. Foi então socorrido pelo patrão João Daudt de Oliveira que pagou todas as suas dívidas para que assumisse com tranquilidade as tarefas na empresa. Por esses tempos desenvolveu amizade com o também poeta Felippe d’Oliveira, que dele guardava “parentescos estéticos”* e era sobrinho de seu empregador João Daudt. Marcelo Gama e Felippe d’Oliveira foram embora juntos para o Rio de Janeiro.

A vida de Marcelo Gama, ou Possidônio Machado, nome que não lhe agradava, foi breve e trágica. E breves têm sido também as referências e análises do seu legado literário.


*"parentescos estéticos" em: O abominável Prado, de Camilo Prado - http://oficinasnephelibata.blogspot.com.br/2011/10/marcello-gama.html



3 comentários:

  1. Tem uma rua Marcelo Gama em Porto Alegre. E aqui temos a Avenida Marcelo Gama. Coitadinho, pouca gente se liga na obra dele. É muito legal!
    Abraço, Marô.

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  2. Mírian ! Porque será que ele trocou de nome? Não se sabe ao certo onde o Marcelo ou Possidônio nasceu?

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