O cinema vence
todas as barreiras e segue firme em sua condição de sétima arte. As novas
mídias não o ameaçam e as salas de exibição atraem multidões.
Embora a “imortalidade”
dessa arte, as grandes casas de cinema do passado não sobrevivem mais e aquelas
que foram preservadas em suas estruturas hoje têm outra destinação. Foi assim
com Cachoeira. Os nossos grandes cinemas, representados ainda pelos prédios do
Cine Teatro Coliseu, na Rua Sete de Setembro, e pelo Cine Ópera Astral, na Rua
Júlio de Castilhos, há muito deixaram de projetar filmes. O primeiro, quase em
escombros, aguarda melhores dias... e, o segundo, trocou as luzes da ribalta
pelo comércio de mercadorias...
Cine Teatro Coliseu (1938) - foto Renato Thomsen |
Cine Ópera Astral (1953) - foto Renato Thomsen |
Mas a
história do cinema em Cachoeira começou muito tempo antes do Coliseu e do
Astral, ocupando um grande prédio, cujos dias de glória não chegaram a 10 anos!
Este prédio
era o Teatro Municipal, inaugurado no dia de Natal de 1900. A comunidade que se
uniu para erguer o imponente prédio destinado a Dionísio sonhou para ele
grandes espetáculos. E, já naqueles primeiros tempos, a arte que despontou por
lá foi a do cinema... ou melhor, um antecessor do cinema, o cinematógrafo – ou
bioscopo.
Teatro Municipal (1900) - fototeca Museu Municipal |
O
cinematógrafo era um equipamento que projetava imagens pela movimentação
contínua de figuras. A primeira companhia que ocupou as instalações do Teatro
foi o Cinematógrafo Sastre, de Sastre & Cia., que segundo o jornal O Commercio, teve muito sucesso de
público.
Em 1905, o
Cinematógrafo Lumiére Falante trouxe a novidade das figuras animadas que
emitiam palavras em sintonia com os gestos e mímicas dos intérpretes do filme.
A Revista Centenário, de Humberto Guidugli, publicou no número de 1957 que a plateia assistente desta exibição começou a ficar inquieta e desconfiada quando
começou a ouvir a sonoridade das personagens, classificando o espetáculo “como
obra do diabo!” No entanto, logo após o susto inicial, o ambiente do Teatro
ficou sereno, prorrompendo a assistência em aplausos ao final da apresentação, para
alegria do diretor da empresa, José Joaquim Pozzo.
Anúncio de cinematógrafo falante - brasilianasteampunk.com.br |
Dois anos
depois, em 10 de outubro, estreou no Teatro Municipal o cinematógrafo da
empresa Baterlô & Cia., que trouxe a novidade de cenas importadas de Paris,
“cômicas, jocosas e humorísticas”, conforme descreveu O Commercio de 9 de outubro de 1907. O sucesso foi tanto que os espetáculos do
cinematógrafo lotaram as dependências do Teatro, inclusive ficando parte da plateia
em pé.
Com a
desativação do Teatro em 1908, abriu-se espaço para a criação da primeira casa
de cinema de Cachoeira, o Cinema Parque, da empresa Livi & Baptista,
inaugurado em 1909.
Na próxima postagem, a história do Cinema Parque.
Amei o reclame!
ResponderExcluirJá estamos aguardando ansiosos a próxima postagem, muito bom isso tudo.
ResponderExcluirMeus pais falavam muito das sessões de cinema do Coliseu. O pai era inclusive crítico cinematográfico o que lhe garantia entradas grátis no cinema. Bela postagem e belas lembranças.
ResponderExcluirOs incentivos de vocês me animam sempre. Obrigada, Juliana, Hugo e Elenara!
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