Espaços urbanos

Espaços urbanos
Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sexta-feira, 18 de março de 2016

Série Casas com Passado, Presente e Futuro: Casa de Cultura Paulo S. V. da Cunha

No ano de 1916 o médico, pecuarista, industrialista e político Balthazar de Bem adquiriu de Achylles e Senhorinha de Carvalho um terreno na quadra mais nobre da Rua Sete de Setembro, fronteira à Praça José Bonifácio, e deu início à construção de uma casa para sua moradia. Segundo informação do jornal O Commercio, em 1917 a casa achava-se concluída.

Casa de Cultura Paulo S. V. da Cunha - foto COMPAHC
O proprietário e sua família no saguão da residência
- fototeca Museu Municipal

Ainda não foram localizadas referências ao autor do projeto arquitetônico, tampouco ao seu executor. De arquitetura eclética, com características marcantes do estilo neoclássico, a casa possui um saguão decorado com colunas e capitéis que conduz às diversas dependências. Neste mesmo saguão há um teto móvel de estrutura metálica e envidraçada que quando aberto permitia a observação do céu.

Teto móvel - foto Antônio A. Maciel

Embora a imprensa divulgue várias recepções e reuniões na casa, o Dr. Balthazar de Bem não residiu nela por muito tempo. Em julho de 1924 o Clube Comercial transferiu para lá sua sede social, fazendo as adaptações necessárias para as suas finalidades, como a construção de um salão ao fundo, cuja cumeeira foi festivamente colocada em 31 de agosto.

Com a locação da casa para o Clube Comercial, o Dr. Balthazar transferiu-se para o sobrado que havia nos fundos, com frente para a Saldanha Marinho, até hoje existente. Mas no novo endereço ele também não ficou por muito tempo, pois a morte o colheu em novembro daquele ano, no célebre levante do Barro Vermelho. Depois disto, a viúva Marina Mattos de Bem e filhos transferiram-se para Porto Alegre.

Sobrado da Rua Saldanha Marinho (inventariado) - foto COMPAHC

Virada a página da casa como residência da família de Bem e como sede do Clube Comercial, o local abrigou várias entidades a partir da segunda metade dos anos 1950: a Biblioteca Pública Municipal, o Núcleo de Filatelia, o Aeroclube de Cachoeira do Sul, a União Cachoeirense de Estudantes, a Escola Municipal de Belas Artes – EMBA, sucedida depois pela Escola Superior de Artes Santa Cecília – ESASC, e a Associação Cachoeirense Pró-Ensino Superior – ASCAPES.

Em 1997, extinta a ESASC, a Biblioteca Pública Municipal “Dr. João Minssen” voltou a ocupar o prédio e, por proposição da Câmara Municipal, passou a se chamar Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha, dividindo espaço com a Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura - AMICUS, Associação Cachoeirense de Cultura Italiana, Conselho Municipal do Patrimônio Histórico-Cultural – COMPAHC, Conselho Municipal de Educação, Núcleo Municipal da Cultura e Atelier Livre Municipal Prof.ª Eluiza de Bem Vidal.

Hoje a Casa de Cultura abriga a Biblioteca Pública Municipal, a AMICUS, o Núcleo Municipal da Cultura e a Loja de Caridade do Hospital de Caridade e Beneficência, estando em preparativos para novamente sediar o Atelier Livre Municipal. 

Tombada pelo COMPAHC em 1985, a Casa de Cultura é uma das tantas e magníficas construções que tem passado, presente e futuro.

Calçamento da Rua Sete, vendo-se a casa do Dr. Balthazar à esquerda
- fototeca Museu Municipal - 1926

Tratores Case, da firma de Achylles Figueiredo, à frente do Clube Comercial
- fototeca Museu Municipal - 1926


Nota: colaborou com dados a historiadora Ione M. Sanmartin Carlos.

5 comentários:

  1. Parabéns Mírian ! Sabes que me deu muita vontade de entrar nesta casa e tentar absorver a sua história ! Não foi nesta casa que aconteceu a famosa reunião da Frente Única?

    ResponderExcluir
  2. Não foi nela, Suzana. Consta ter sido na casa do João Neves da Fontoura. Qualquer dia posto esta história.

    ResponderExcluir
  3. Miriam, ficamos no aguardo!! Obrigado!

    ResponderExcluir