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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A última edição d’O Comércio agrega-se à coleção existente no Arquivo Histórico

No dia 23 de fevereiro de 2016, exatamente 50 anos depois, a última edição do jornal O Comércio (1900 – 1966) que circulou no mesmo dia do ano de 1966, foi entregue para compor a coleção cuidadosamente guardada no acervo de imprensa do Arquivo Histórico do Município de Cachoeira do Sul.

Última edição d'O Comércio - 23/2/1966
Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico
A doação do último – e provavelmente o único – exemplar da edição que pôs fim a uma história de 66 anos de circulação foi feita por Sérgio Moacir da Silva Pacheco, ex-funcionário da Tipografia do Comércio, e responsável à época pela impressão do jornal.


Sérgio Moacir da Silva Pacheco - último impressor e guardião da última edição
- Fotos: Arquivo Histórico
O Commercio, órgão comercial, noticioso e literário fundado em 1º de janeiro de 1900 por Henrique Möller Filho, guarda algumas curiosidades: nasceu bilíngüe, ou seja, trazia anúncios e alguns textos também em alemão (o que indicava a forte presença germânica na cidade) e era distribuído aos leitores já na terça-feira, embora trouxesse no seu cabeçalho a indicação de que saía às quartas-feiras. Sobre isto Paulo de Gouvêa escreveu:

“O Comércio, que todo mundo chamava de Comercinho e tinha a inédita peculiaridade de sair terça-feira com data de quarta. Por que essa anomalia, nunca ninguém pôde saber. Em todo o caso, graças a ela, nós, os cachoeirenses, desfrutávamos do privilégio sem igual de ter o único jornal no mundo que era publicado na véspera.”

O Commercio registrava em cada edição as chegadas e partidas dos cachoeirenses, os aniversários, as notícias dos distritos e abria espaço para articulistas, muitas vezes escondidos sob pseudônimos. E, dentre eles, uma mulher: Cândida Fortes (depois Brandão), com publicação já na primeira edição do jornal, quando usou o pseudônimo Canolifor (iniciais de seu nome de solteira – Cândida de Oliveira Fortes).

Volume das edições d'O Commercio do ano 1900
- Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico
Para a impressão do jornal Henrique Möller Filho contava com o auxílio dos seus irmãos Guilherme Antônio (redator) e João Antônio (tipógrafo). Henrique Filho faleceu em 1941, passando a direção do jornal aos irmãos. Em 1966, quando do encerramento das atividades, eram diretores Carlos Möller Sobrinho e Edgar Pohlmann.

A coleção hoje resguardada e disponibilizada pelo Arquivo Histórico foi reunida, organizada e depois cuidadosamente encadernada por Carlos Möller Sobrinho. Depois de seu falecimento, por decisão de sua esposa e filhos, a coleção foi doada à Biblioteca Pública Municipal; depois passou a integrar o acervo da Câmara Municipal, sendo franqueada à pesquisa de interessados. Por iniciativa do vereador Henrique José Möller, filho do fundador do jornal, a coleção foi repassada ao Museu Municipal de Cachoeira do Sul, de onde, por questões técnicas, foi finalmente repassada para o Arquivo Histórico do Município, onde já estavam as coleções dos demais jornais cachoeirenses.

66 anos de circulação é uma marca. Cachoeira teve diversos jornais, de diferentes ideários e propósitos, a maioria de vida efêmera. Atravessar mais da metade do século XX, notadamente época de convulsões sociais, econômicas e culturais, faz d’O Commercio um jornal riquíssimo no conteúdo, na forma de apresentação e na interação que manteve com a comunidade, evidenciada no apelido carinhoso que carregava: O Comercinho. 

Créditos das fotos: Neiva Ester Corrêa Köhler e Maria Lúcia Mór Castagnino, do Arquivo Histórico

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