As
grandes e irregulares pedras estão ali desde o início da década de 1850, quando
Fidêncio Pereira Fortes empreitou a obra de construção da rampa de embarque e
desembarque do porto da Vila Nova de São João da Cachoeira.
Cartão-postal em que se vê claramente as pedras da rampa da Moron - Fototeca Museu Municipal |
A
navegação era, naqueles meados do século XIX, importante modal de transporte. O
Jacuí, em sua magnitude de águas, permitia o trânsito de embarcações até 58 toneladas
já no início da década de 1840, quando Antonio Kussmann e Nicolau Faller
começaram a navegação comercial entre Rio Pardo e Cachoeira. Mas faltava um
porto organizado, com uma rampa que garantisse comodidade ao trânsito no
embarque e desembarque.
Em
outubro de 1852, a Câmara de Cachoeira solicitou ao engenheiro Frederico
Heydtmann uma planta e orçamento da rampa que chegou à cifra de 9:524$200 réis,
considerada vultosa. Em janeiro de 1853, Fidêncio Pereira Fortes conseguiu
arrematar a obra por 3:169$200 réis a menos. Como era praxe naquela época,
apresentou como fiador Antônio Pereira Fortes e teve que aguardar que a
presidência da Província aprovasse a arrematação, o que se deu em 4 de maio de
1853.
Dentre as cláusulas do contrato de
arrematação, estava prevista a entrega da obra para vistoria em dois anos, não
sem antes comunicar, com a antecedência de dois meses, a conclusão de cada uma
das etapas, como construção de alicerces, desaterro e empedramento, para que
fossem examinadas por comissão designada pelas autoridades. O pagamento do
valor contratado seria feito em três parcelas, sendo a mais alta, no valor de
3:177$500, no ato da portaria de arrematação, e as outras duas, no valor de
1:588$750 cada, quando a obra estivesse na metade e, por último, na conclusão.
O
início das obras apresentou uma dificuldade imprevista ao arrematante. Um
grande banco de pedra vermelha encontrado no local causou sobrecarga de
trabalho para escavação, obrigando Fidêncio a solicitar indenização e
apresentar orçamento suplementar. Aprovado o aumento no valor, o arrematante
precisou solicitar adição no tempo de entrega em mais um ano.
Após
todos os percalços surgidos, Fidêncio Pereira Fortes finalmente entregou a
primeira parte da rampa e calçada do porto em 1.º de dezembro de 1856, não
deixando de alertar que deveriam ser tocadas as obras de construção dos
paredões, calçada e empedramento até o banco de pedra vermelha. Em 7 de abril
de 1857 a Câmara abriu concorrência para o restante das obras, sendo vencedor
José Ferreira Neves, tendo como fiador Antônio Vicente da Fontoura.
Há
mais de 160 anos as pedras assentadas por Fidêncio Pereira Fortes estão no
nascedouro da Moron. Submetem-se, desde 1856, ao vai e vem das águas do Jacuí. Agora, como que tomadas de vida, andam assoprando nos ouvidos dos pescadores que por ali deixam suas canoas que têm medo
do asfalto. Não são contra o progresso, como alguns insistem em afirmar. Elas querem mesmo é preservar sua história.
Que Deus te abençoe, Mirian Ritzel e te proteja nesta tarefa de estudar,amar e cuidar nossa história e nossa Cachoeira.
ResponderExcluirSigo os teus passos, amada mestre!
ResponderExcluirque belo trabalho
ResponderExcluirUma aula de história! Obrigado Miriam.
ResponderExcluirValeu Mirian!
ResponderExcluirBeleza!Bom saber que nesse caminho tem o trabalho de meu trisavô Fidêncio.
ResponderExcluirValoroso pai da Cândida Brandão!
ExcluirParabéns belo trabalho.
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