O marco inicial da história do Clube Comercial Cachoeirense se perde no tempo. Antes da fundação da sociedade que se mantém até hoje, ocorrida em 15 de junho de 1924, outras agremiações, de nomes diversos, constituíram suas células fundadoras.
Símbolo do Clube Comercial Cachoeirense - Jornal do Povo |
Existia na cidade, desde 1899, uma sociedade chamada Clube Cachoeirense e, em 7 de janeiro de 1900, alguns empregados do comércio fundaram o Clube Caixeiral, sociedade beneficente e recreativa, tendo o conhecido comerciante Pedro Stringuini como primeiro presidente. O número de sócios era de 173, sendo 85 efetivos e contribuintes, 30 fundadores, 56 honorários e dois beneméritos. O Caixeiral era um clube com inclinação a atividades culturais, como concertos musicais e peças teatrais, mantendo inclusive uma banda de música com 18 figuras e instrumental completo.
Em 19 de julho de
1902, o Clube Caixeiral inaugurou sua sede e o jornal O Commercio de 23 de julho deu destaque ao fato, descrevendo-a
assim: Lembrava a fachada do alteroso
sobrado – uma das mais risonhas vivendas dos contos orientais. Bandeiras,
galhardetes, pavilhões e outros adornos naturais chamavam a atenção daquela
quadra da nossa bela Rua Sete de Setembro. Um bonito coreto ali construído
despertava também a admiração de quantos o avistavam.
Em 1902, tanto o
Clube Caixeiral como o Clube Cachoeirense tinham existência própria e
independente, com a imprensa local noticiando atividades de ambos. Mas não
demorou muito para as duas sociedades se fundirem, por iniciativa da Associação
dos Empregados no Comércio de Cachoeira, nascendo o Clube Comercial em 5 de
novembro daquele ano.
Mas esse primeiro
Clube Comercial não durou muito, sendo extinto em 27 de março de 1910, ocasião
em que foi criado o Cassino Clube, agremiação que assumiu o passivo e o ativo
da anterior. Foi aclamado primeiro presidente do Cassino Clube o farmacêutico
Augusto Cezar Castilho, tendo como vice o Dr. Balthazar de Bem, secretários
José Carlos Barbosa e Raul de Freitas Boccanera, com Paulino Breton como
tesoureiro.
Em 15 de junho de
1924, no salão do Clube Renascença, foi fundado um novo Clube Comercial, que agregou
ao nome a alcunha "Cachoeirense", e em 6 de julho se instalou na casa que
pertencia ao Dr. Balthazar de Bem, localizada na Rua Sete de Setembro, onde
hoje está sediada a Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha.
Residência do Dr. Balthazar de Bem - sede do Clube Comercial a partir de 1924 - Acervo COMPAHC |
A casa do Dr.
Balthazar de Bem, apesar de confortável e ampla, não oferecia as acomodações
necessárias para a prática de esportes ao ar livre, uma das
atrações preferidas dos que procuravam associar-se a entidades do gênero naquela época.
Portanto, os primeiros tempos de funcionamento do Clube Comercial na casa foram
essencialmente de realização de bailes e de outras atividades, como competições
de xadrez e horas de arte.
Festa no Clube Comercial - Acervo Terezinha Mainieri V. da Cunha |
Em junho de 1949,
foi lançada a pedra fundamental da nova sede que o Clube Comercial Cachoeirense
construiria na Rua Sete de Setembro, esquina com a Rua General Portinho. O
edifício foi inaugurado em 5 de setembro de 1957, tendo como grandes
impulsionadores da obra Theobaldo C. Burmeister e Edwino Schneider. A obra foi
executada pela empresa construtora de Roberto Jagnow & Cia. Ltda., dirigida
pelo engenheiro Hugo Schreiner.
Projeto da fachada do Clube Comercial - Acervo do Arquivo Histórico |
O tradicional e
aristocrático Clube Comercial Cachoeirense foi por muitos anos um dos mais
destacados e atuantes clubes da cidade. Reunia a sociedade cachoeirense em
eventos de glamour e encantamento. Adquiriu, ao longo de sua história, uma sede
campestre, equipando-a com piscina e área de camping que atraiu gerações de
cachoeirenses.
Os tempos de hoje
são de novos modelos de convívio. As sociedades tradicionais têm encontrado
dificuldades em manter seus patrimônios e atraírem os associados para eventos
em suas sedes. Mas estas novas características não invalidam a importância que
entidades como o Clube Comercial Cachoeirense tiveram e têm para a história
associativa da cidade. Alternativas de uso e fruição de seu patrimônio são
desafios para as diretorias e os sócios que se mantêm fieis a uma história que
chega às portas de um século. Importante demais para ser esquecida.
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