Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

João Neves da Fontoura - 16/11/1887 - 16/11/2017 - 130 anos

“Na minha terra sempre houve, outrora, duas armas irresistíveis – a eloquência e o cavalo."
                                                                                                                      João Neves da Fontoura


João Neves da Fontoura - 1933
- Coleção Saul Rosa Garcia

Esta frase define os dois tipos de homens do Rio Grande. João Neves da Fontoura, nascido em Cachoeira a 16 de novembro de 1887, entre as duas armas irresistíveis, escolheu para a sua vida a da eloquência.

O pai, Coronel Isidoro Neves da Fontoura, era a maior liderança política de Cachoeira no final do século XIX, início do século XX. Ao contrário do filho, Isidoro era homem de poucas palavras, muita ação – e imposição. João Neves parece ter incorporado as características de mando do pai, especializando-se na eloquência.

Borges de Medeiros e o Cel. Isidoro Neves
- Fototeca Museu Municipal

Muito jovem, pelas páginas do jornal republicano Rio Grande, começou a exercitar o dom da escrita. Até Cândida Fortes Brandão, sua professora por pouco tempo na formação inicial, foi vítima de suas ferinas palavras, que se defendia atacando-o em artigos no O Commercio.

A eloquência, a formação acadêmica e os conselhos de Borges de Medeiros fizeram-no crescer na política, onde galgou importantes postos, e na literatura, com a conquista de cadeiras na Academia Rio-Grandense e Brasileira de Letras.

Com o fardão da Academia Brasileira de Letras
- Fototeca Museu Municipal

Cachoeira deve muito ao filho ilustre, empreendedor de uma verdadeira transformação urbana. São obras de sua administração altos investimentos em saneamento, o que na década de 1920 era um salto para o futuro, e no embelezamento da cidade.


João Neves no discurso de inauguração da Praça Borges de Medeiros - 1927
- Fototeca Museu Municipal

As palavras de Barbosa Lima Sobrinho, advogado, ensaísta, historiador e membro da Academia Brasileira de Letras, sintetizam o perfil do grande João Neves da Fontoura:

“Tudo em João Neves era ação. Sua oratória, desprezando artifícios e babados, era, antes de tudo, ação política, como o seu jornalismo, os seus livros, como as suas dissertações de memorialista.”

O velho Coronel Isidoro deixou no filho a sua marca. E João Neves soube aperfeiçoar a herança paterna com a sua capacidade de articulação. Ambos entraram para a história, e como convêm ao mestre e ao pupilo, o filho suplantou o pai.

2 comentários:

  1. Realmente Mirian! Em tudo que tive oportunidade de ler, o velho Borges tinha João Neves quase como o filho que não teve. As palavras que AABM escreveu quando da publicação do livro Memórias falam do respeito e admiração pelo JN.

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  2. Eu diria que o respeito era recíproco. JNF não titubeou quando o velho Borges mandou-o para assumir a Intendência de Cachoeira. E olha que ele não queria...

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