Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

domingo, 12 de junho de 2011

A velha José Bonifácio...

                A velha Praça José Bonifácio vai passar por mais uma reforma.
                A velha praça, que já foi do Pelourinho, Ponche Verde, do Mercado, das Paineiras e finalmente do Patriarca da Independência, foi delimitada por cerca de taquaras, por renque de paineiras e depois tipuanas.
A velha Praça das Paineiras
A bela praça das tipuanas com ar europeu
               Foi palco de circos, abrigou o eclético Mercado Público; teve cinemas, restaurantes, bares chiques e coretos.
A bela praça do coreto e do Mercado Público
               Ganhou uma cancha de basquete, onde jogaram campeões. Foi palco dos livros, hoje é espaço de festas populares. Perdeu a ligação com o resto da cidade desde que roubaram a rua que circundava a Fonte das Águas Dançantes e tiraram dali a Feira Livre. Perdeu, perdeu. Desfigurou-se.
A praça da cancha de basquete
               Que a próxima reforma recupere um pouco da sua dignidade e não permita que perca definitivamente a identidade. Assim como pediu um dia o poeta:

Não toquem, por favor, na velha praça,
Não a dispam, jamais, do seu lirismo,
Não procurem privá-la dessa graça,
Que a paisagem lhe dá de romantismo.

Não é gesto contrário ao modernismo,
Exaltá-la, no verso, erguendo a taça,
Porém apego ao que há de simbolismo,
Que a gente beija e a tradição abraça.

Deixem-na, assim, vestida de folhagem,
Com seus bancos à sombra da ramagem,
Para o ócio dos jovens e das fãs.

Velha praça das noites seresteiras,
Que morreu de saudade das paineiras,
Renascendo ao florir dos flamboaiãs!


                                                                                                       (João do Adro, Jornal do Povo, 29/12/1981)


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