O
trabalho dignifica o homem e pode jogar o seu exemplo para o futuro. Existem
personagens da história de Cachoeira do Sul que imediatamente remetem à memória
do tanto que a sua força de trabalho representou para modificar e melhorar o
seu tempo.
Dentre
estas personagens, homens e mulheres. Ainda que alguns exemplos venham do
século XIX, quando o protagonismo só era permitido aos homens, também aparecem mulheres
que empreenderam, fizeram a diferença e deixaram sua marca.
Escolhemos apenas três e começamos
por Albino Pohlmann. Este foi certamente um dos mais notáveis trabalhadores da
nossa história. Criativo, engenhoso, inovador e com uma capacidade de produção
incrível. De seu gênio inquieto, surgiram inovações que guindaram a economia
local a outros patamares. Caso das primeiras experiências com a irrigação
artificial das lavouras de arroz, no longínquo ano de 1906. Suas técnicas logo
se difundiram, permitindo um incremento na produção arrozeira e no lugar que
Cachoeira ocupava na economia do estado. Muito do título de Capital Nacional do
Arroz devemos à genialidade de José Albino Pohlmann, para citar apenas uma de
suas facetas.
José Albino Pohlmann - Acervo Tânia M. Möller Pohlmann |
Antes
dele, no século XIX, uma mulher teve que ser protagonista de uma obra e da vida
de sua família. Seu nome: Castorina Ignacia Soares. O marido de Castorina, João
Antônio de Barcellos, assumiu com a Câmara Municipal a obra de abertura da
estrada Cachoeira – Cruz Alta (não é o município homônimo; tratava-se de um distrito de Rio Pardo, proximidades da serra do Botucaraí). No decorrer da
obra, João Antônio foi vitimado, em 31 de março de 1853, pela queda de uma
árvore. Sem alternativa e tendo que dar cumprimento ao contrato assinado pelo falecido marido, Castorina tocou a abertura da estrada. Em 28 de março de 1854, ou seja,
antes de completar um ano da fatídica morte, Castorina cumpriu com o
contrato, entregando a obra concluída à Câmara!
Pedro
Fortunato Baptista, conhecido por “Pedro Faz Tudo”. Sua alcunha já diz muito! Italiano
de nascimento – e bem nascido por lá – foi um dos mais inquietos cidadãos da
Cachoeira entre o final do século XIX e o início do século XX. A primeira
bicicleta, ou velocípede, aparecida na cidade foi através dele, isto em 1896!
Um dos primeiros cinemas também foi sua iniciativa, assim como uma fábrica de
licores e outra de sacos de aniagem e algodão. Dotado de boa verve,
encantava com seus discursos. Foi um dos entusiastas fundadores da Sociedade
Italiana Príncipe Umberto e agente consular da Itália em Cachoeira. As
iniciativas que teve não lhe granjearam sucesso. Morreu pobre e solteiro, sob a
proteção de um amigo de raízes italianas como ele...
José
Albino Pohlmann, Castorina Ignacia Soares e Pedro Fortunato Baptista têm em
comum a característica da força do trabalho. José Albino viveu uma vida
altamente produtiva até o fim. Castorina recolheu-se ao lugar subalterno que
caracterizava as mulheres de seu tempo, e Pedro Faz Tudo se aventurou em
atividades que não compensaram seu esforço criativo. Cada um com sua história e
todos tendo o trabalho como ponto comum. Viveram suas vidas sem fugir do
trabalho.
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