Do primeiro templo erguido
em Cachoeira não resta nenhuma prova material. Os anais da história contam que
em 1769, quando índios catequizados foram aldeados junto à margem esquerda do
Jacuí, no lugar até hoje chamado de Aldeia, ergueram uma capela dedicada a
São Nicolau. Acanhada, a capela foi construída de pau-a-pique e coberta com
palha, atestando os limitados recursos de seus construtores.
Dez anos depois, o lugar
foi elevado à condição de freguesia, adotando logo depois o nome de Nossa
Senhora da Conceição da Cachoeira. A capela tomou proporção de maior
abrangência e responsabilidade, passando a ser Igreja Matriz. São desta época
os primeiros livros em que eram assentados os registros de batismos, casamentos
e óbitos, a maior parte deles existente até hoje junto aos arquivos da Diocese de Cachoeira
do Sul.
A capela original era modesta em dimensões e estrutura. Em 6 de outubro de 1793, foi lançada a pedra
fundamental do novo templo que seria erguido em honra de Nossa Senhora da
Conceição, junto à coxilha em que hoje se assenta a Praça Dr. Balthazar de Bem.
A construção, coordenada pelas Irmandades de Nossa Senhora da Conceição e
Santíssimo Sacramento, demorou seis anos e, embora inconclusa, foi inaugurada em
30 de setembro de 1799, com a transferência dos objetos litúrgicos da
antiga capela da Aldeia.
Igreja Matriz projetada pelo militar Francisco João Róscio - Museu Municipal |
O projeto da igreja é atribuído
ao militar Francisco João Róscio, autor também da Igreja de Nossa Senhora do
Rosário de Rio Pardo. As obras arrastaram-se por décadas, sempre necessitando
de reparos e acréscimos. Enquanto isto, algumas aquisições e melhorias foram
sendo registradas, como uma lâmpada de prata chegada do Rio de
Janeiro em 22 de maio de 1820, mesmo ano em que foi concluída a capela-mor.
Durante esse tempo, e mesmo na
antiga capela da Aldeia, os mortos iam sendo sepultados no interior e no
entorno da Igreja Matriz, prática corrente de então, o que demandava
permanentes intervenções no templo.
No início da década de
1850, começaram tratativas para finalização da segunda torre, sendo para tal apresentada
planta do engenheiro Frederico Heydtmann em 1853. Vinte anos depois, a frente
da igreja precisava ser refeita com maior solidez, conforme registros das
Irmandades. Todo o século XIX foi de
obras e aquisições e, no ano de 1897, o Bispo D. Cláudio Ponce de Leão, depois
de visita pastoral, finalmente teceu elogios ao estado geral da igreja.
Igreja Matriz no início do século XX - Museu Municipal |
Torres da Igreja Matriz ao fundo - Coleção Aldo Schirmer |
As maiores intervenções na
Igreja Matriz foram feitas no correr do século XX, a começar pela grande
reforma de 1929, quando toda a fachada foi alterada de forma a tornar mais rebuscada a arquitetura do velho templo. No início da década de 1960, uma radical reforma
interior fez o contrário: tirou a beleza e suntuosidade da igreja, produzindo até hoje os lamentos de quem conheceu o seu esplendor.
Em 1991, com a criação da Diocese de Cachoeira do Sul, a Igreja Matriz passou a ser Catedral Nossa Senhora da Conceição.
Mesmo tendo passado por tantas modificações ao longo de sua mais do que bicentenária história, a Catedral conserva ainda as fundações da velha Igreja Matriz do século XVIII, ostentando também, sem dúvida nenhuma, o título de edificação mais antiga de Cachoeira do Sul.
Grande reforma de 1929 - Coleção Osni Schroeder |
Em 1991, com a criação da Diocese de Cachoeira do Sul, a Igreja Matriz passou a ser Catedral Nossa Senhora da Conceição.
Mesmo tendo passado por tantas modificações ao longo de sua mais do que bicentenária história, a Catedral conserva ainda as fundações da velha Igreja Matriz do século XVIII, ostentando também, sem dúvida nenhuma, o título de edificação mais antiga de Cachoeira do Sul.
Detalhe da Catedral - Mário H. Kämpf |
Parabéns Mirian, sempre propondo-nos mergulhar na nossa história.
ResponderExcluirAs paredes da igreja até a base do campanário são feitas de pedra irregular montada e argamassa de barro para assentamento. Sua construção antecipou-se ao início da produção de tijolos de barro na cidade, existem paredes com mais de 1,50 de espessura. As reformas que vieram, especialmente a de 1929 que deram a configuração atual foram consideradas sólidas para receberem a ampliação das torres da edificação. osni schroeder
Obrigada, Osni. Nossa catedral tem a solidez exigida ao tempo de sua construção, quando as terras meridionais ainda eram alvo de disputa entre portugueses e espanhóis. Naqueles tempos, as igrejas também precisavam cumprir o papel de fortalezas.
ExcluirMuito os esclarecimentos. Paraïbéns.
ResponderExcluirMuito bom.
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